TJs estaduais falham na prestação de contas sobre remuneração ao CNJ

Estudo inédito da Transparência Brasil mostra que desde 2019 faltam dados de remuneração de magistrados de grande parte das cortes estaduais do Brasil. A divulgação individualizada dos vencimentos de magistrados é obrigatória desde 2017 e deve ser registrada no Painel de Remuneração dos Magistrados, mantido pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

Confira o relatório “Judiciário deixa de prestar contas de remuneração de TJs” aqui

Desde 2019 faltam 60.179 contracheques de 15 Tribunais de Justiça (TJ), de acordo com o Índice de Transparência DadosJusBr, ao todo são 27 TJs. 

O indicador, criado pela Transparência Brasil em parceria com o Instituto Federal de Alagoas e a Universidade Federal de Campina Grande, avalia a transparência da remuneração do sistema de Justiça em duas dimensões: completude e facilidade. 

A avaliação foi feita com os dados de 2018 a 2021 e revela que as falhas nas prestações de contas tornaram-se comuns entre os TJs a partir de 2019. Não constam contas completas para oito tribunais naquele ano, faltando dados de ao menos um dos doze meses. Em 2020, faltam dados de remuneração em mais da metade dos meses para quatro tribunais (TJ-PI, TJ-CE, TJ-BA, TJ-RR). Em 2021, há contas incompletas para 11 dos 27 tribunais.

“É estarrecedor que as exigências de transparência sobre a remuneração dos magistrados não sejam cumpridas pelos Tribunais de Justiça estaduais sem que haja qualquer explicação”, afirma Juliana Sakai, diretora de operações da Transparência Brasil. “O controle social realizado pela sociedade civil e pela imprensa é tremendamente prejudicado com a falta de accountability do Judiciário”.

O caso mais grave é do TJ-PI, que tem prestação de contas mais defasada: são 33 meses sem informações sobre quanto de benefícios e indenizações cada um dos seus magistrados têm recebido. Resultando em transparência para apenas 8% dos contracheques do Tribunal nos últimos três anos.

O vice-campeão da opacidade é o TJ-CE, cuja remuneração individualizada de magistrados não aparece no painel há 21 meses, com transparência de apenas 41% dos contracheques para o período de 2019 a 2021. Até o dia de recolhimento dos dados, a corte não havia enviado nenhuma atualização sobre a remuneração dos magistrados em dezembro de 2021.

Recomendações para o CNJ

A Transparência Brasil formulou uma série de recomendações para o CNJ, responsável por centralizar a prestação de contas dos TJs:

  • Disponibilizar acesso a dados abertos da remuneração dos magistrados;
  • Incluir o número da matrícula dos magistrados na divulgação dos dados;
  • Disponibilizar no Painel as  informações de lotação, cargo e número de matrícula;
  • Adotar uma rotina de verificação da conformidade dos dados enviados pelos Tribunais de Justiça;
  • Incluir o descumprimento do prazo determinado e o envio de informações incompletas como motivações para abertura de correição especial nos Tribunais.

TB participa de audiência com ministro do TSE sobre aplicação da LGPD

A Transparência Brasil e outras entidades da sociedade civil que compõem o Fórum de Direito de Acesso a Informações Públicas (Fiquem Sabendo, Abraji, Transparência Partidária, Inesc e Open Knowledge Brasil) participaram de audiência com o ministro do TSE Edson Fachin em 16.fev.2021, sobre a possível imposição de sigilo a dados de doadores e fornecedores de campanha. O Tribunal analisa, em processo administrativo, a aplicação da Lei Geral de Proteção de Dados no contexto eleitoral.

Na reunião, articulada pelo Fórum, as organizações expressaram preocupação com a possibilidade do uso da LGPD para proteção de dados pessoais subverter os princípios da Lei de Acesso a Informação nas questões eleitorais. Apontaram que optar pelo sigilo ao invés da transparência poderia ser um retrocesso, como avalia o advogado Marcelo Issa, do Transparência Partidária: “É fundamental para um voto consciente o eleitor ter conhecimento de quem são os financiadores de uma candidatura”, afirma.

A diretora de operações da TB, Juliana Sakai, apontou em entrevista à Folha de S.Paulo o risco ao controle social dos gastos eleitorais: “Se por acaso os dados não forem mais abertos, a gente não vai mais conseguir rastrear como os doadores estão se movimentando, para onde está indo o dinheiro de quem. Não vai ser possível enxergar as autodoações. Não vai dar para saber se a pessoa está respeitando as restrições legais”, diz ela.

A decisão final ficará a cargo do TSE, já que a LGPD não tem regra específica sobre doações eleitorais, e deverá buscar a harmonização entre o direito à privacidade e o interesse público. O ministro Fachin expressou o entendimento de que, ao estarem inseridos na esfera pública, candidatos, doadores e fornecedores devem ficar mais expostos ao escrutínio público.

TCE do Rio admite denúncia de inoperância da Comissão Mista de Transparência

No último 24.jan.2022, o Tribunal de Contas do Rio de Janeiro admitiu a denúncia apresentada pela Transparência Brasil e pela Fiquem Sabendo em agosto de 2021 sobre a inoperância da Comissão Mista de Transparência do RJ. O colegiado, responsável por rever a imposição de sigilo em documentações públicas, deveria ter sido implementado em outubro de 2018 e até o momento não está ativo.

Veja a admissão da denúncia aqui.

A Comissão seria uma alternativa para cidadãos recorrerem contra respostas negativas a pedidos de revisão de sigilo de documentos e foi procurada no caso da Operação Exceptis, que ocorreu no Morro do Jacarezinho, quando foi constatada a sua inoperância e o descaso da Casa Civil em cumprir o decreto de regulamentação da Lei de Acesso a Informação.

Na decisão, o tribunal pede que a Secretaria da Casa Civil e a Controladoria Geral do Rio de Janeiro se pronunciem acerca dos fatos denunciados e encaminhem os documentos necessários para a apuração da denúncia. O processo de apuração segue em sigilo.

Ao ser questionada em agosto de 2021, a Casa Civil respondeu que em até 30 dias instalaria a Comissão, faltando apenas a criação do Regimento interno para dar início à atividade do grupo. Até o momento, nada foi feito.

Inep faz uso equivocado da LGPD ao suprimir microdados da educação, apontam organizações

No último 23.fev.2022, o Fórum de Direito de Acesso a Informações Públicas – coalizão de organizações da qual a TB é parte – publicou nota crítica à decisão do Inep de retirar do ar microdados do Censo Escolar e do Enem, sob o argumento de adequação à LGPD.

“A ação de simplesmente retirar as informações é desproporcional e fere a própria LGPD, segundo a qual o tratamento de dados pessoais pelo poder público deve ser realizado na persecução do interesse público (art. 23).”, destaca o texto.

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Parceria para Governo Aberto: grupo inicia execução do compromisso “Combate à Corrupção no Setor Público”

Na última terça-feira (15.fev.2021), a Transparência Brasil participou da primeira reunião para concretização do compromisso “Combate à Corrupção no Setor Público”, do 5º Plano de Ação do Brasil na Parceria para Governo Aberto (OGP, na sigla em inglês). O objetivo é criar um laboratório para construir e compartilhar leis, práticas, processos, métodos e dados relevantes para atividades de combate à corrupção.

Além da TB, participam do grupo de trabalho como representantes da sociedade civil o Laboratório Analytics da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), a FGV e o Instituto Ethos. Da parte da administração pública federal, participam a Controladoria-Geral da União (CGU) – que coordena o compromisso – e o Ministério Público Federal (MPF). O Compromisso deve ser concluído em dezembro de 2022. Ver post completo “Parceria para Governo Aberto: grupo inicia execução do compromisso “Combate à Corrupção no Setor Público””

Organizações se manifestam contra censura imposta ao relatório final da Comissão Nacional da Verdade

O Fórum de Direito de Acesso a Informações Públicas, coalizão da qual a Transparência Brasil faz parte, divulga nesta sexta-feira (11.fev.2022) nota pública contestando a ocultação de trechos do relatório final da Comissão Nacional da Verdade (CNV). Menções ao nome de Olinto de Sousa Ferraz, ex-coronel da Polícia Militar de Pernambuco, foram tarjadas em preto na versão do documento disponibilizada pelo Sistema de Informações do Arquivo Nacional (SIAN). As organizações que assinam a nota qualificam a ação como uma “grave ameaça ao acesso à informação, ao direito à verdade e à memória no Brasil”.

A censura ao relatório da CNV é resultado de processo movido contra a União, em 2019, pelos filhos do ex-coronel, já falecido. Marcos Olinto Novais de Souza e Maria Fernanda Novais de Souza Cavalcanti alegam que o documento incluiu Olinto Ferraz em uma “lista de torturadores e violadores de direitos humanos”. No entanto, o relatório não o qualifica diretamente como torturador e/ou violador de direitos humanos, mas o cita entre os integrantes da cadeia de comando de órgãos usados na ditadura militar brasileira. Ferraz foi diretor da Casa de Detenção do Recife à época em que Amaro Luiz de Carvalho, militante do Partido Comunista Revolucionário (PCR), foi morto no local, em 1971.

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Na volta às aulas presenciais, chatbot da TB ajuda a monitorar a segurança sanitária na rede pública

Com o retorno às aulas nas redes públicas do país, aumenta a preocupação sobre as adaptações necessárias para as escolas receberem os alunos de forma segura. A forte onda de casos de covid-19, causados pela variante Ômicron, gera questionamentos em relação à saúde das crianças, que começaram a ser vacinadas apenas na metade de janeiro, de forma ainda restrita.

Para que as escolas possam ser avaliadas em relação às medidas de segurança contra a covid-19, a Transparência Brasil  criou o chatbot Edu, uma ferramenta que auxiliará no retorno letivo, coletando informações sobre a utilização de máscaras e outros itens estruturais necessários para um ambiente seguro contra a covid-19. Ver post completo “Na volta às aulas presenciais, chatbot da TB ajuda a monitorar a segurança sanitária na rede pública”

Chatbot ajuda a recorrer contra negativas a pedidos de informação

Neste 17.jan.2022, a Transparência Brasil lança o chatbot repLAI, uma ferramenta para ajudar cidadãos a elaborar recursos contra respostas negativas a pedidos de informação via Lei de Acesso a Informação (LAI). O repLAI é parte do portal Achados e Pedidos, o maior repositório de pedidos de informação do país.

Para iniciar a conversa com o repLAI, basta clicar no link “Quer ajuda?” localizado no menu superior ou no balão que aparece no canto inferior direito da tela. Ver post completo “Chatbot ajuda a recorrer contra negativas a pedidos de informação”

Fórum aciona TCU e MPF por apagão de dados da Saúde

Na última quinta-feira (13.jan.2022), o Fórum de Direito de Acesso a Informações Públicas – coordenado pela Transparência Brasil – acionou o Tribunal de Contas da União (TCU) e o Ministério Público Federal (MPF) a respeito do apagão de dados que afetou o Ministério da Saúde por mais de um mês. Embora o e-SUS Notifica, o SIVEP-Gripe e o OpenDataSUS tenham voltado a funcionar na sexta-feira (14), 34 dias após um ataque digital, painéis de visualização dos dados continuam fora do ar.

As organizações que compõem o coletivo solicitaram a responsabilização dos envolvidos por eventuais danos à administração pública causados pelo incidente e pela demora no restabelecimento dos dados. Pediram, ainda, que os órgãos apurem se houve invasão dos sistemas do Ministério da Saúde; se os dados dos sistemas foram copiados por terceiros; e se a vulnerabilidade explorada no ataque digital está no serviço de nuvem contratado para armazenar os dados. Também pediram que o TCU e o MPF busquem esclarecimentos sobre as medidas tomadas pelo Ministério para restabelecer os sistemas e evitar a repetição do incidente.

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Saúde mostra “incompetência e negligência” com apagão de dados, dizem organizações

Em nota pública divulgada nesta terça-feira (11.jan.2022), integrantes do Fórum de Direito de Acesso a Informações Públicas – incluindo a TB – e outras organizações da sociedade civil apontam “incompetência e negligência” do Ministério da Saúde na falha em restabelecer totalmente a coleta e a divulgação de dados sobre a vacinação e a ocorrência de covid-19 e outras doenças respiratórias graves. Há mais de um mês, após um ataque aos sistemas da pasta, as informações não são divulgadas.

Segundo as organizações, o Ministério da Saúde desinforma e omite informações sobre o incidente de segurança cibernético. A nota contrapõe as afirmações do chefe da pasta, Marcelo Queiroga, segundo o qual os sistemas já voltaram a operar, a relatos que mostram dificuldades na inserção de registros de doses de vacina e de casos de covid-19 no e-SUS Notifica e no SNI-PNI.

O texto destaca que o Ministério não informou que o ataque havia afetado a Rede Nacional de Dados de Saúde (RNDS), plataforma que reúne todas as informações prestadas por estados por meio de sistemas como o e-SUS Notifica, Sivep-Gripe e SI-PNI. Além de comprometer a disponibilidade de dados epidemiológicos, o problema gera preocupação quanto à proteção dos dados pessoais de milhões de cidadãos. Ver post completo “Saúde mostra “incompetência e negligência” com apagão de dados, dizem organizações”