Remuneração média de magistrados em Tribunais de Justiça em 2023 chega ao dobro do limite constitucional

Análise das remunerações de magistrados em 18 Tribunais de Justiça mostra que, em 2023, todos eles pagaram salários brutos médios até duas vezes acima do teto constitucional daquele ano (R$ 41,6 mil mensais a partir de abril). O estudo identificando supersalários foi feito a partir de dados coletados e padronizados pelo projeto DadosJusBr.

TJEs pagaram ao menos R$ 4,5 bi acima do teto constitucional em 2023

Nove Tribunais de Justiça (AP, CE, DF, MT, PA, PB, PI, SE e TO) não apresentaram transparência o suficiente sobre seus contracheques de 2023, o que os deixou de fora desta análise.

O salário bruto é a soma do que cada juiz ou desembargador recebeu por mês, descontado o chamado “abate teto” (que, em tese, deveria manter as remunerações dentro do limite permitido). A gratificação natalina (13º salário) e o adicional de 1/3 de férias não foram incluídos na soma de ganhos dos magistrados.

No topo dos salários brutos médios, estão os membros do TJ de Mato Grosso do Sul: cada um recebeu, em média, R$ 85,7 mil por mês. A verba mais paga pelo TJ-MS é o “pagamento retroativo”, que apresenta baixíssima transparência por não discriminar sobre o quê o pagamento se refere. O órgão gastou R$ 65,2 milhões com a verba no ano passado.

Mesmo o menor valor médio pago, de R$ 51 mil mensais, observado no TJ do Amazonas, ultrapassa o teto constitucional por uma grande margem: 23%.

Um em cada três magistrados teve vencimento bruto médio mensal superior a R$ 70 mil ao no ano passado, considerando os 13,2 mil membros dos 18 TJs analisados. Ao longo do ano, a maioria (69%) recebeu entre R$ 100 mil e R$ 499 mil acima do teto constitucional. Para 15%, os ganhos extrateto ultrapassaram meio milhão de reais.

Problemas de transparência impedem análise mais ampla
O TJ-PI não insere dados individualizados de remuneração no Painel do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), fonte da plataforma DadosJusBr.

Os dados dos TJs do Ceará, Tocantins e Sergipe apresentavam divergências entre o que foi fornecido ao CNJ e o que é divulgado nos respectivos portais de transparência. Faltavam dados relativos a um ou mais meses dos TJs do Amapá, Distrito Federal, Mato Grosso, Pará e Paraíba.