Mais de 60% dos estados ainda não imunizaram metade de seus profissionais da educação básica, mostra nova plataforma

Mesmo com a iminente volta das aulas presenciais nas escolas públicas, 17 estados do país têm menos de 50% dos profissionais da educação no ensino básico completamente imunizados – um cenário distante de ser o melhor para o retorno. As informações estão disponíveis na plataforma VacinaEdu da Transparência Brasil, que entrou no ar nesta quarta-feira (15.set.2021).

O cálculo considera tanto professores e professoras quanto auxiliares da educação (pessoal da área de limpeza, zeladoria e alimentação, por exemplo). Para o número de vacinados, foi usado o grupo “Ensino Básico” indicado nos microdados do Ministério da Saúde.

Confira aqui o site VacinaEdu.

Nove estados têm menos de 20% dos profissionais de educação com a vacinação completa. Roraima, com apenas 3% dos trabalhadores tendo recebido as duas doses ou dose única, ocupa o último lugar. Na outra ponta, Mato Grosso do Sul completou a imunização de 88% dos profissionais.

Entre as capitais, 16 têm menos da metade dos trabalhadores da educação totalmente vacinados. Destacam-se negativamente Boa Vista, Cuiabá e Belém, que bateram 1% de imunizados. 

Além do fator imunização, outro dado apresentado no VacinaEdu é a estrutura escolar disponível para adequação às recomendações sanitárias contra a propagação de covid-19: distanciamento entre pessoas, circulação de ar, ambientes ao ar livre, condições para higiene pessoal. O Acre e o Rio Grande do Sul têm os menores índices de disponibilidade de água potável: em 68% e 78% de suas escolas, respectivamente. Em cinco estados, menos de 20% dos centros educacionais têm área verde:  Maranhão, Piauí, Paraíba, Pernambuco e São Paulo. As informações foram extraídas do Censo Escolar 2019, o mais recente disponível.

“Sem medidas para avançar a imunização dos trabalhadores educacionais e investimento na adaptação estrutural das escolas, é possível que o retorno às aulas seja mais um fator no prolongamento da situação pandêmica no país.” , diz Juliana Sakai, diretora operacional da Transparência Brasil.

Dados com limitações

O cálculo da proporção de vacinados em cada estado e município é aproximado, pois não existe uma base de dados que reúna informações sobre os professores e auxiliares da educação no Brasil. O total de profissionais da educação foi estimado pela Transparência Brasil a partir do número de trabalhadores vacinados ao menos uma vez.

A melhor alternativa para obter o número de profissionais da educação básica na rede pública, o Sistema de Informações sobre Orçamentos Públicos em Educação (SIOPE) do governo federal, não é confiável: de acordo com ele, quase 500 cidades de Minas Gerais têm apenas um profissional da educação pública, por exemplo.

A precariedade dos dados existentes dificulta a adoção de políticas seguras para a retomada das aulas.” aponta Juliana Sakai. “Para além dos impactos negativos que a falta de planejamento adequado traz à educação, retomar as aulas sem imunização traz ameaças concretas para a saúde da comunidade escolar.”