O Conselho Deliberativo da Transparência Brasil escolheu a atual diretora de operações da organização, Juliana Sakai, para assumir o cargo de diretora executiva da organização a partir de setembro. Ela entra no lugar de Manoel Galdino, que deixou o cargo na TB para assumir uma cadeira de professor na Universidade de São Paulo.
O processo de transição começou no início de agosto, com poucos ajustes no atual modelo de trabalho, já que Sakai já dividia funções de direção da organização com Galdino. O nome dela foi uma escolha natural do Conselho pelo seu conhecimento, comprometimento e dedicação às causas da TB.
“Continuaremos atuando na defesa da transparência. Teremos uma grande oportunidade de melhorar o monitoramento das compras públicas com a nova Lei de Licitações, que obrigará todos os entes a publicarem suas compras em um mesmo formato a partir de 2023”, diz a nova diretora. “Ampliaremos também nossa atuação junto ao sistema de Justiça: além de abrir e analisar dados de remuneração de juízes e promotores, começamos a trabalhar no fortalecimento de accountability das Defensorias Públicas”.
Sakai coleciona duas passagens pela Transparência Brasil: a primeira de 2008 a 2009, quando esteve à frente do projeto Excelências, e a segunda a partir de 2013. Há seis anos ela ocupava o cargo de diretora de operações.
Formada em relações internacionais pela Universidade de São Paulo e mestre em ciência política pela Leuphana Universität, em Lüneburg, na Alemanha, ela atuou junto ao Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento Timor-Leste e junto à organização Transparency International. Atua especialista junto a Global Partnership on AI e foi fellow do Departamento de Estado Americano, de Stanford, e da organização alemã DAAD.
Galdino dirigia a TB desde 2016. O economista é também doutor em ciência política pela Universidade de São Paulo e cientista de dados. Foi gerente de analytics e inovação em agências de marketing e data leader em multinacionais.
Na sua gestão, a TB fortaleceu o caixa, adotou novas ferramentas digitais, ampliou a incidência junto aos três poderes e executou importantes projetos de controle social e divulgação de dados públicos.
Um deles é o projeto “Obra Transparente”, que conseguiu fortalecer o controle social no nível local para acompanhar obras de infraestrutura educacional e serviu de ponto de partida para o “Tá de Pé?”, uma ferramenta para cidadãos. Outro destaque é o projeto “Minas de Dados”, que ofereceu uma residência para cinco mulheres negras que hoje ocupam papéis de liderança na sociedade civil, com impacto claro no enfrentamento à desigualdade racial.
“O Brasil passou por muitas mudanças em transparência. Em 2016, auge da operação Lava Jato, havia muito apoio popular ao combate à corrupção e isso diminuiu, com muitos retrocessos. Esse novo cenário nos colocou novos desafios e precisamos nos reposicionar”, pontua Galdino. “Uma conquista foi o fortalecimento da sociedade civil e dos nossos parceiros. Sozinhos não vamos mudar a realidade do Brasil. Precisamos fortalecer o ecossistema para termos cada vez mais impacto.”