Participação da Transparência Brasil no evento ‘Em Frente pela Democracia’.

No dia 02 de dezembro, foi realizado o evento Em frente pela Democracia, organizado pelo Pacto pela Democracia, e que contou com a participação de ativistas, pesquisadores e lideranças de variadas esferas e matizes políticos para refletir sobre os rumos da democracia e fortalecer o compromisso de todas e todos com a defesa das liberdades e do Estado de Direito. Segue abaixo a íntegra da contribuição da diretora de operações da Transparência Brasil, Juliana Sakai:


Há tantos problemas urgentes de ataque a sociedade civil, que poderia unir coro aos colegas que trataram aqui da diminuição e criminalização ao ataque do espaço cívico. Mas para ficar na área de atuação da Transparência Brasil, de combate a corrupção, meu ponto será: 

Contra moralismo, instituições.

Contra punitivismo, prevenção.


Nós temos um enorme problema para lidar na política brasileira, que é o fato de a corrupção ter se tornado um elemento que ameaça a democracia. Eu não estou falando de como a corrupção prejudica o acesso a bem estar social por desvio de verbas. Estou falando de como a pauta anticorrupção vem aliada ao sentimento antipartido, antipolítica e, por consequência, antidemocracia.

Após tantos escândalos de corrupção, o desgaste político surfou numa onda populista autoritária, deixando que a pauta anticorrupção fosse capturada por grupos que não têm compromisso com a democracia. 

Todos que estão comprometidos com a democracia precisam entender a pauta anticorrupção como questão sensível para os que estão descrentes com a política partidária. Reclamar apenas que a pauta é vazia e hipócrita, ou apenas uma forma de atacar adversários políticos, não basta. A tensão continua e não é resolvida.

O debate anticorrupção precisa ser retomado para além do enfoque moralista e punitivista. Precisamos fugir do populismo autoritário discutindo seriamente propostas que melhorem as instituições. Precisamos fugir da ênfase no punitivismo personalista, fortalecendo formas de prevenir a corrupção. Porque o debate anticorrupção precisa existir. Mas só faz sentido se for para fortalecer a democracia. E isso se faz melhorando instituições.

Contra moralismo, instituições.

Contra punitivismo, prevenção.