Relator do PL que altera Lei de Improbidade Administrativa é favorável ao texto aprovado na Câmara

Dois dias depois de ser designado relator do projeto que altera a Lei de Improbidade Administrativa na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), o senador Weverton (PDT-MA) apresentou nesta quarta-feira (15.set.2021) seu relatório e voto. Devido a um pedido coletivo de vista, o PL 2505/2021 será votado pela CCJ na próxima semana.

Entidades que compõem o GT de Transparência e Integridade da Rede de Advocacy Colaborativo (RAC) consideram que a tramitação é apressada e prejudica o debate e a participação da sociedade em relação à proposta. O grupo conta com a Transparência Brasil e Instituto Ethos, Instituto Não Aceito Corrupção, Movimento Transparência Partidária, Transparência Internacional Brasil.

Até o momento, foi realizada uma sessão de debates temáticos sobre o PL no plenário, em 3.ago.2021. Foram apresentadas 40 emendas ao texto, somando-se as emendas apresentadas em plenário e na CCJ.

O relator vota pela aprovação do PL 2505/2021 como está em sua maior parte e rejeitou 39 das emendas – algumas das quais visavam a sanar problemas apontados por entidades da sociedade civil voltadas ao combate à corrupção. A emenda aceita, de autoria de Dário Berger (MDB-SC), determina a aplicação da nova lei aos casos que já estão em tramitação na justiça.

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Plano de Ação OGP: Melhoria da transparência e de normas é desafio para o combate à corrupção no setor público

Na última quarta-feira (1.set.2021),  representantes do poder público e da sociedade civil definiram que melhorar a oferta de informações e o entendimento sobre a aplicação de normas é o desafio a ser superado no tema “Combate à corrupção no setor público”, que compõe o 5º Plano de Ação do Brasil na Parceria para Governo Aberto (OGP). A decisão foi tomada ao fim da primeira oficina de criação do Plano relativo a esse tema.

A Transparência Brasil é uma das participantes no grupo da sociedade civil, junto com o Instituto Ethos e o Departamento de Análise de Políticas Públicas da Fundação Getúlio Vargas (FGV-DAPP). Por parte do poder público, participaram a Controladoria-Geral da União (CGU), Laboratório Analytics da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) e o Ministério Público Federal. Ver post completo “Plano de Ação OGP: Melhoria da transparência e de normas é desafio para o combate à corrupção no setor público”

Em artigo, TB avalia os efeitos da pandemia sobre o risco de corrupção no Brasil

A Transparência Brasil, em parceria com o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), realizou uma análise sobre o impacto da pandemia sobre os riscos de corrupção no Brasil. O artigo foi publicado no último 18.ago.2021 pelo Center for International Private Enterprise (CIPE), como parte do estudo de caso “Covid-19 and corruption in Latin America: the Pandemic’s Impact on Corruption Risks in Mexico, Brazil, and Argentina”.

A flexibilização das regras para licitações e contratos relacionados à contenção da pandemia no país por meio da Lei 13.979/2020 é o ponto central do texto, assinado por Bianca Berti, analista de transparência e integridade na TB, Laís Oliva e Renata Comin, do IBGC. Ver post completo “Em artigo, TB avalia os efeitos da pandemia sobre o risco de corrupção no Brasil”

Nota Técnica sobre o substitutivo que promove a improbidade administrativa

É um insulto à moralidade e ao combate à corrupção que o parecer e o substitutivo do relator Carlos Zarattini (PT-SP) sobre o PL 10.887/2018, que altera a Lei de Improbidade Administrativa (LIA), tenham sido protocolados apenas hoje, 15 de junho de 2021, sem debates. Insulto agravado pelo requerimento de urgência, já aprovado, para que a matéria seja votada no dia seguinte em plenário. Adicionando insulto à injúria, como se diz, é um texto que efetivamente destrói a LIA. Esta nota técnica tem por objetivo demonstrar os principais retrocessos do texto sobre nepotismo, violações à Lei de Acesso a Informação, suspensão de direitos políticos e impunidade. Ver post completo “Nota Técnica sobre o substitutivo que promove a improbidade administrativa”

CGU afirma apurar suspeitas de superfaturamento em compras do MDR

Na noite do último 2.jun.2021, o ministro da Controladoria-Geral da União (CGU) Wagner Rosário afirmou que “está em andamento ação de controle com o objetivo de apurar a alegada suspeita” de superfaturamento em compras públicas realizadas pelo Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR). A suspeita foi revelada em reportagens do Estadão no início de maio.

A afirmação faz parte da resposta do ministro ao pedido de esclarecimentos apresentado no dia anterior por Transparência Brasil, Agenda Pública, Instituto Ethos, Observatório Social do Brasil e Universidade de Brasília a respeito de investigações da CGU a respeito do chamado “orçamento secreto“. Foi a segunda demanda sobre o assunto, reforçando a primeira enviada em 12.mai.2021. Ver post completo “CGU afirma apurar suspeitas de superfaturamento em compras do MDR”

Organizações do CTPCC reiteram pedido de esclarecimentos sobre “orçamento secreto” à CGU

Diante da ausência de resposta do ministro da CGU Wagner Rosário à carta aberta de cinco entidades da sociedade civil a respeito de investigações para apurar o chamado “orçamento secreto“, enviada em 12.mai.2021, as organizações enviaram nova comunicação nesta terça-feira (1.jun.2021).

A carta é assinada por Transparência Brasil, Agenda Pública, Instituto Ethos, Observatório Social do Brasil e Universidade de Brasília, que compõem o Conselho de Transparência Pública e Combate à Corrupção (CTPCC), vinculado à CGU.

As organizações reiteram os questionamentos feitos na primeira carta, a respeito das medidas investigatórias que a CGU adotará diante dos indícios de superfaturamento ligados às verbas de emenda do relator no Orçamento 2020, e incluem outros. Em especial, solicitam detalhes sobre relatos divulgados na imprensa e pelo ministro do Desenvolvimento Regional Rogério Marinho de que a CGU iniciaria investigação sobre o caso. Ver post completo “Organizações do CTPCC reiteram pedido de esclarecimentos sobre “orçamento secreto” à CGU”

Artigo: Monitoramento da OCDE sobre corrupção no Brasil é resultado de processo iniciado em 2019

Na última segunda-feira (15.mar.2021), reportagem da BBC Brasil revelou que a OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico) criou um grupo permanente de monitoramento de retrocessos no combate à corrupção no Brasil. De acordo com o texto, trata-se de uma medida inédita. Convém lembrar que se trata do resultado de um processo já iniciado em 2019. Ver post completo “Artigo: Monitoramento da OCDE sobre corrupção no Brasil é resultado de processo iniciado em 2019”

Nota conjunta sobre projeto de anistia fiscal a partidos políticos

Em nota conjunta com outras organizações, a Transparência Brasil manifesta seu repúdio ao Projeto de Lei de nº 1.321/2019 e ao texto substituto proposto pelo relator, o deputado federal Paulo Pereira da Silva (Solidariedade/SP), e aprovado pela Câmara, na noite de ontem (27/03). Caso seja aprovado nas duas casas, o projeto de lei concederá anistia às multas aplicadas pela Receita Federal aos partidos políticos.

O texto substitutivo também ensejava que parcela significativa dos recursos reservados para fomento da participação da mulher na política fossem utilizados para “pagamento de pessoal do sexo feminino”, como destacado na nota. Contudo, devido a forte pressão da bancada feminina do Congresso, essa disposição foi retirada do texto.

Ainda assim, o projeto dispõe que os partidos que desrespeitaram o inciso V do artigo 44 da Lei nº 9.096/1995 e até 2018 não aplicaram o mínimo de 5% dos repasses do Fundo Partidário em programas promoção e difusão da participação feminina na política, ou que utilizaram erroneamente esses recursos para o financiamento direto de candidaturas femininas, não sejam multados e nem tenham prestação de contas rejeitadas pelo Tribunal Superior Eleitoral.

Segue a nota, na íntegra:

As organizações e entidades subscritoras recebem com extremas decepção e preocupação notícias de que a Câmara dos Deputados pode vir a aprovar proposta legislativa orientada a dar anistia às multas aplicadas pela Receita Federal aos partidos políticos. Aprovada, a proposta retiraria dos cofres públicos cerca de R$ 70 milhões precisamente no momento em que o país enfrenta uma das piores crises fiscais de todos os tempos.

Já não bastassem as alterações produzidas pela recente Lei nº 13.488/2017 quanto ao pagamento de multas previstas no artigo 11 da Lei nº 9.504/1997, fixando condições extremamente favoráveis às legendas, com parcelas limitadas a 2% dos repasses mensais do Fundo Partidário e prazos de parcelamento superiores a sessenta meses, o Substitutivo de autoria do deputado Paulo Pereira da Silva (Solidariedade/SP) ao Projeto de Lei  nº 1.321/2019 visa anistiar multas aplicadas pela Receita Federal a órgãos partidários.

O texto substitutivo também representa inaceitável deturpação nos dispositivos já estabelecidos para fomento da participação da mulher na política, ao permitir que parcela significativa dos recursos reservados para esse fim sejam utilizados para “pagamento de pessoal do sexo feminino”. Isso é uma nítida distorção do objetivo desses comandos legais, que visam a promoção de condições para que as mulheres também ocupem posições de protagonistas na cena política nacional.

Além disso, a indecorosa proposta também amplia para até oito anos o prazo de vigência dos diretórios provisórios das agremiações, comprometendo gravemente as possibilidades de renovação e democratização da vida partidária brasileira.

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PL anticrime avança no combate à corrupção?

Neste mês de fevereiro, o governo brasileiro apresentou o seu projeto anticrime ao Congresso. A medida figura como uma das 35 prioridades para os 100 primeiros dias da nova gestão.

Um dos objetivos do pacote é o combate à corrupção, temática a partir da qual fazemos aqui um balanço do pacote. Para a Transparência Brasil, apesar de apresentar pontos positivos, o pacote notadamente se omite quanto a medidas fundamentais para o combate à corrupção.

O foco das medidas apresentadas pelo ministro Sérgio Moro é a tentativa de reduzir a impunidade, que é uma causa importante de haver tanta corrupção no Brasil. No entanto, ao se limitar a um caráter essencialmente punitivista, o pacote deixa de atacar as principais causas da corrupção no Brasil.

Medidas como reforma dos Tribunais de Contas (TCs), a limitação do loteamento político de órgãos públicos, assim como a implementação da obrigatoriedade de avaliação de custo-benefício de políticas públicas deveriam entrar no rol de medidas prioritárias do governo. Sem essas medidas, dificilmente veremos avanço substancial no combate à corrupção.

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Programas dos presidenciáveis trazem poucas propostas para combate à corrupção

Por Manoel Galdino, Hugo Salustiano, Carol Oliveira

Tema prioritário no debate nacional, o combate à corrupção é bastante presente nos programas dos principais candidatos à presidência, com a palavra “corrupção” aparecendo diretamente 43 vezes. No entanto, os programas dos presidenciáveis são recheados de menções genéricas e vagas ao seu combate, sem muitas propostas concretas sobre o que realmente pode ser melhorado, como mostra um levantamento realizado pela Transparência Brasil com base nos programas dos cinco presidenciáveis mais bem colocados nas pesquisas.

A Transparência Brasil, que tem mais de 18 anos de história de combate à corrupção, fez uma análise dos programas dos cinco presidenciáveis mais bem colocados nas pesquisas: Jair Bolsonaro (PSL), Fernando Haddad (PT), Ciro Gomes (PDT), Geraldo Alckmin (PSDB) e Marina Silva (Rede).

Para isso, listamos 16 medidas que deveriam ser adotadas pelos candidatos para um efetivo combate à corrupção. Dentre elas, somente cinco foram mencionados integralmente por pelo menos um dos candidatos em seus programas. Temas considerados essenciais como a reforma dos órgãos de controle e Tribunais de Contas, assim como o aprimoramento da Lei de Acesso à Informação e da Lei de Dados Pessoais, foram pouco citados pelos presidenciáveis, como mostramos no quadro abaixo (clique para ver em tamanho maior).

A única proposta da Transparência Brasil que foi mencionada de forma mais detalhada por todos os candidatos foi a melhoria de gestão da informação e integração de bases de dados entre órgãos. O fortalecimento da sociedade civil, sobretudo por meio de conselhos de participação, foi o segundo tópico mais citado por todos os candidatos, mas somente dois (Ciro Gomes e Fernando Haddad) especificaram suas propostas sobre o tema.

A falta de propostas é perceptível no próprio texto dos programas. Órgãos de controle e fiscalização, que poderiam colocar em prática as propostas de combate à corrupção, são pouco lembrados: a Controladoria Geral da União (CGU), por exemplo, aparece somente uma vez nos programas dos cinco candidatos. A transparência, que pode ajudar na fiscalização e controle social do poder público, aparece 29 vezes, mas na maioria delas acompanhada por propostas genéricas, como “aumento da transparência” — sem especificar o que será efetivamente feito para tal. A Lei de Acesso à Informação só é mencionada uma vez, no programa da candidata Marina Silva (Rede).

O que é preciso para combater a corrupção no Brasil?

A Transparência Brasil divide o combate à corrupção em quatro eixos:

  • Prevenção
  • Controle Interno
  • Controle Externo
  • Controle Social

A prevenção envolve reformas institucionais que diminuam as janelas de oportunidade para que a corrupção aconteça. O controle interno, grosso modo, é voltado para ações do próprio Executivo para coibir atos de corrupção. O Controle externo envolvem órgãos fora do Executivo, como Congresso, tribunais de contas e Ministérios Públicos. E o controle social é a sociedade fiscalizando o poder público.

Uma agenda de combate à corrupção deve listar propostas que promovam melhorias nos quatro eixos. Ao listar propostas específicas, a Transparência Brasil ajuda o eleitor brasileiro a conhecer o que concretamente poderia ser feito em cada eixo.

As propostas dos presidenciáveis

Além da análise pela ótica das medidas defendidas pela Transparência Brasil, também analisamos os programas dos candidatos para encontrar as propostas práticas feitas por eles – estejam ou não dentro das 16 medidas que apresentamos anteriormente.

Assim como na análise anterior, percebemos que o controle externo (como fortalecimento dos Tribunais de Contas) foi o tema menos mencionado. E nos demais eixos, há no máximo menções genéricas, com poucas propostas específicas. Em resumo, temos muita retórica anti-corrupção, e poucas propostas concretas.

Veja abaixo as propostas contidas nos programas de cada candidato (clique nas imagens para ver em tamanho maior).